Mantive os olhos firmemente fechados. Não queria ver. Senti pegarem na gaiola onde me encontrava, tudo abanava. Eu era atirada contra as paredes da gaiola até que resolvi fincar as patas no chão gradeado. Terão de fazer melhor do que isto para me fazerem abrir os olhos novamente. Já não me assusto facilmente, ou, pelo menos dito assim quase me fazia acreditar, pensei. De repente tudo parou, e, embora a curiosidade quase comesse a galinha, mantive-me firme. Não abri os olhos. Mas, uma voz fez-me abrir os olhos…Chamava-me docemente. Não resisti e olhei “a voz” nos olhos. Abriu a gaiola, ajudou-me a sair e pronto. Procurei o aviário, os corredores, nada. A “voz” fez-me uma festa, sorriu e levou a gaiola. Fiquei ali, sem saber para onde ir…Parei de pensar, não adiantava. Decidi observar o que me observava. Não estava só. Éramos quatro, que a “voz” tinha deixado ali, mas aparentemente nenhum de nós sabia o que fazer. Estava muito compenetrada nesta minha missão de observação, quando levei um ligeiro encontrão, e uma voz gritou «sigam-me!». Não prestei muita atenção, embora o encontrão me tivesse deixado um pouco alterada. Novamente a voz disse «sigam-me», o tom autoritário imobilizou-me. Só podia ser para nós, pensei. Olhei para trás, e vi um bando de gansos. Não demorou muito a percebermos o que havia a fazer. O bando de gansos cercou-nos, e o que tomava a dianteira vociferou novamente: «sigam-me!». Juntámo-nos dentro do círculo que os gansos formaram e seguimos o da frente.
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