Chegamos a um terreiro onde estavam mais galinhas e frangos, alinhados. Aparentemente faltávamos nós, o fez com que tudo se atrasasse, nomeadamente o almoço. Este atraso, ao qual éramos totalmente alheios, dado que afinal a “voz” não nos tinha deixado no local certo, valeu-nos umas boas inimizades.
Uma voz aguda captou-me a atenção. Uma galinha castanha acenava na nossa direcção. Deu-nos as boas vindas. Já devia ter almoçado, era a única explicação para aquela boa disposição. Quando reparei, já não havia sinal dos gansos. Estava tão distraída com os comentários corrosivos dos nossos parceiros de fila, e por oposição com o excessivo bom humor que a galinha castanha tinha, que nem dei pela sua retirada. Bolas. Quando voltei à realidade, reparei que a galinha castanha estava a discursar. Chamava-se Julieta, era a responsável por mostrar o local aos recém-chegados, e explicar um pouco da rotina e especialmente da hierarquia da quinta. Novamente tive de fazer um esforço por parecer minimamente interessada, e estava. Não queria parecer ingrata, uma vez que não o era, agradecia do fundo do coração esta oportunidade que me era dada, de viver numa quinta, e conhecer uma realidade tão diferente da que conheci no aviário, mas não conseguia deixar de pensar naquele ganso, enorme, cinzento e sisudo.
Julieta pediu-nos para aguardar um pouco e entrou por uma portinhola. Passados alguns minutos saíram três galinhas, juntamente com a Julieta. Havia uma, cuja cor era igual à de Julieta, mas tinha a particularidade de não ter penas no pescoço. As outras duas, tinham penas no pescoço, e eram de uma cor…indefinida. Pareciam pretas, mas ao mesmo tempo, azuis ou verdes, não consegui perceber. O que percebi é que se moviam exactamente da mesma maneira, como se uma vara invisível as atravessasse às três. Uma preta de cada lado, ao centro a castanha.
0 comentários:
Enviar um comentário